29� F�rum do Comit� Paulista para a
D�cada da Cultura de Paz
- um programa da UNESCO -


O conto e a loucura na sociedade dogon:
dimens�es da existencialidade
negro-africana

"Todos os dias a orelha vai � escola"

Profa. Dra. Denise Dias Barros

A palavra que se exterioriza nos contos permite entrever como
uma sociedade se confronta com seus problemas, seus pr�prios
impasses e refor�a modos do conviver. O que propomos � colher
fragmentos de uma paisagem narrativa de uma sociedade negro-
africana onde nada reivindica inoc�ncia ou virgindade, mas abrigam
marcas de uma hist�ria milenar.

Na sociedade dogon o conto � uma comunica��o articulada como
estrat�gia de aprendizado, um saber dizer a partir de c�digos muito
precisos. O ato de contar permite dizer sem tudo revelar, criando
algo fundamental: a interpreta��o que cada um pode colher de um
ensinamento � ligado �s possibilidades e ao momento do aprendiz. O
contar e o recontar, encantos de um pensamento que n�o teme
repeti��es, � recria��o permanente de sentidos compartilhados da
exist�ncia coletiva.

A narra��o dos contos tem um papel importante tanto para as
crian�as como para os jovens e os adultos, uma vez que a sociedade
dogon investe de maneira continuada e permanente na forma��o da
pessoa. As narrativas evocam as conseq��ncias poss�veis das
escolhas que se realizam em sociedades como a dogon, em que
todos os dom�nios da vida s�o percebidos em uma intera��o
permanente. O conto � uma revela��o de fragmentos de
acontecimentos intensos, essenciais e fortemente simb�licos.

Iremos debater a partir de algumas narrativas em que se
desvendam liga��es entre a manifesta��o da loucura e diferentes
epis�dios estruturadores da vida de uma pessoa: nascimento,
casamento, inicia��es, rela��es com ancestrais e com a natureza,
desejos de realiza��o e sentimentos de fracasso; enfim, a din�mica
das pr�ticas hist�ricas e da emerg�ncia da loucura.

Desde 1993 temos tido felizes oportunidades de viver em algumas
das localidades dogon, regi�o da Rep�blica do Mali (�frica do
Oeste), em per�odos que variaram de dois meses a dois anos.
Partindo de nossa pr�pria experi�ncia e de contos que recolhemos
entre alguns narradores dogon iremos trocar id�ias sobre as
rela��es entre a palavra do conto, o adoecer e a vida coletiva.

Denise Dias Barros � terapeuta ocupacional e antrop�loga. Profa. Dra. do
Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade
de Medicina da Universidade de S�o Paulo. Mestre em Antropologia pela PUC-SP.
Doutora em Sociologia pela USP �SP. P�s-doutorado junto ao Laboratoire Syst�me
de Pens�e en Afrique Noire (CNRS - Paris). Membro fundador da Casa das �fricas -
SP.


ENTRADA FRANCA


11 de novembro de 2003 - ter�a-feira - 18h
Local: Faculdade de Sa�de P�blica da Universidade de S�o Paulo
Sala Ciro Cyari - t�rreo
Av. Dr. Arnaldo, 715 - S�o Paulo - (Esta��o Cl�nicas do Metr�)

www.comitepaz.org.br

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